Jornalismo colaborativo é bom –até que você se perca em correntes de e-mails, páginas no Slack, e Google Drives. O Project Facet, criado por apenas uma mulher, espera mudar isso, e procura por colaboradores que possam dar uma ajuda.
“Existem Redações que querem começar projetos conjuntos, mas é logisticamente doloroso“, diz a jornalista e engenheira de software, Heather Bryant. “A maioria dos lugares usa e-mail, talvez possua um calendário coletivo, tenta fazer quadros no Trello ou no Slack… Enquanto colaborações são historicamente um desafio cultural, a dor de cabeça causada por ferramentas não é insignificante“.
Bryant recentemente finalizou um período como uma John S. Knight Journalism Fellow (tempo no qual trabalhou na universidade, mas sem vínculo empregatício) em Stanford, onde ela mergulhou na tecnologia com item central em trabalhos de colaboração jornalística. Seu interesse foi desenvolvido por um trabalho anterior como editora de serviços digitais do KTOO Public Media, na cidade de Juneau, Alasca.
“As colaborações são uma necessidade para as redações com as quais eu trabalhava no Alasca“, explicou Bryant. “Quando se tem espaços com apenas uma ou duas pessoas tentando cobrir uma grande área, é difícil de fazer. As redações mais bem localizadas para cobrir uma história são as que estão mais próximas do acontecimento: estações perto da guarda costeira, perto de peixarias.. Não é toda estação que tinha como correr e ir cobrir, porque sabia que tinham um parceiro confiável para fazê-lo“.
As complicações surgiam quando chefes de Redação buscavam como fariam a coordenação. Bryant afirma que muitos confiavam em e-mails, “e isso torna a cobertura muito bagunçada, muito rapidamente“.
Eis o que é o Project Facet: um centro de comunicações e compartilhamento de arquivos online onde múltiplos colaboradores podem marcar check-ins, desenvolver histórias, rastrear o progresso da sua equipe, e até escrever e editar histórias em conjunto.
Bryant esteve criando a plataforma sozinha desde 2015 quando recebeu uma bolsa do Knight Prototype Fund para explorar a perspectiva de softwares que tinham como objetivo simplificar o processo editorial para organizações de notícias, especialmente em publicações com múltiplas plataformas. Seu período em Stanford no ano passado [2016] a impediu de realmente mergulhar no Project Facet.
No processo seletivo, Bryant ressaltou que gostaria de pesquisar “quais ferramentas, infraestruturas ou meios precisamos para ajudar redações a criar parcerias efetivas e significativas”.
A partir dessa definição, Bryant criou uma comunidade no Slack com 300 seguidores com interesse em jornalismo colaborativo, foi a uma dúzia de conferências, visitou locais relacionados ao tema e coletou informações sobre a geografia do jornalismo colaborativo dentro de Redações por meio de uma pesquisa (Bryant vem construindo o software com a ideia de colaborações diretas entre as Redações de veículos de comunicação jornalística, mas quer incluir freelancers e jornalistas individuais também).
Bryant escreveu um post no Medium depois de sua fellowship:
Quando soube que seria uma John S. Knight Fellow, mudei meu foco de interesse. Ao invés de passar o tempo negociando e debatendo, achei que seria melhor fazer um relato a respeito do que se passava. Eu queria falar com a maior quantidade de pessoas interessadas em colaborações ou que já estivessem fazendo isso. Queria saber o que funciona, o que não funciona e o que precisa melhorar.
(Você talvez tenha lido um post dela mais recente no Medium, sobre o problema de classes no jornalismo, que ganhou muita atenção de profissionais da área).
Agora, o Project Facet está quase pronto. Bryant diz que há diversas redações parceiras prontas para testar a versão beta, que identificou 3 diferentes projetos colaborativos para usar. Mas ela procura incluir alguém que mexa no componente da segurança da plataforma antes. Também está preparando o Project Facet para ser lançado como uma organização sem fins lucrativos. Os planos no longo prazo são de conseguir suporte financeiro por meio de assinaturas e licenças.
“Eu comecei o percurso investigando o que era financiamento de capital de risco e cheguei à conclusão que esta não seria necessariamente a direção correta“, afirma Bryant. Ela está se concentrando em redações menores, como a que trabalhava: “Preferiria que mil pequenas Redações pudessem colaborar facilmente do que poder construir uma grande ferramenta para uma grande Redação”.
Mas para conseguir que o Project Facet funcione até o próximo semestre, Bryant precisa achar colaboradores para si própria.
“O maior desafio para mim agora é fazer a transição de uma pequena coisa com a qual venho trabalhando para algo que tenha mais pessoas participando disso para crescer num ritmo melhor“, diz Bryant.
Translation by Poder360. This article was originally published in English here.